O que é uma rosa de amores murchada,
Que se compadece e desvela desnudada?
O que é uma rosa de vermelho escarlate,
Que mancha esta mão,
Tão acolhida e lhe toma,
E se enobrece por não ter pretendido machucá-la.
Entre as flores talvez a mais magoada,
Que se entristece,
E ainda se ao cair das mãos fenece,
Quando foi-lhes mal dada.
O que é uma rosa,
Se o rubror vivo aos olhares,
Por si só de sangue e amor se envaidece,
Se assim for,
Na constância da vida tão fugida se apercebe de dor.
Calejada, envergonhada de desamor,
no coração de outrem uma vez desaguada.
O que é uma rosa tão finita,
Se colhida ao inverno não podes,
O que da primavera sempre se espera por sortes...
O brilho vivaz que outra não tem,
A beleza eterna que outra não compraz,
No efêmero das eras,
As rosas também são tristezas e espera.
(Cléber Seagal)
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