Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Nostalgia de Cada Dia


Olho para o passado, uma pagina relida,
Mas sem novos aprendizados, sem as caricias mais atribuídas,
Deixo estar minha alma no tempo,
Sinto abraços e com eles o calor inebriado,

A porteira balança ao vento,
E não existem mais espaços entre meus dedos,
Foram cheiros da casa da vó,
E a menina que passa solta um sorriso,

Mãos acariciam minha cabeça, meus aconchegos maternos,
Um resquício de luz, enquanto meus olhos entre abertos sobrepõem sinestesias diversas.
Para onde olharei se a única coisa certa que me tive foi o passado,
Onde me prendia a segurança dos demais, meu castelo de areia armado,

Agora sinto também que a foto me deixou naquele mundo,
Naquele singelo pedaço de desejo,
Onde me foi tudo e agora doce ilusão testemunhada,
Saboreio meus ensejos, uma palavra tão peregrinada.

(Cléber Seagal)

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Sobre a Margem da Noite



Eu no meu canto suspiro o que se foi,
Às vezes me falta um ar, parece pesar Este sentimento,
Uma clausura é o horizonte visto daqui de dentro,
Sempre me aperceber de ser o outro, o mesmo.

Agora o astro luminoso se foi, e no campo vivem as lendas,
Ouço bem as lamurias da noite, e os cegos preceitos do obscurecimento...
A noite não me conhece, apenas acompanha minhas cogitações,
Ate que perceba na frigidez dos seus ares o nada profundo das maquinações...

Trazendo medo aqui, a noite não tem ninguém, 
Arquétipos humanos no meu réquiem, 
Há um lastro de decadência, sob a sobra dúbia deste frio, 
Me sinto numa presumível inocência de Abril,   
             
Os outeiros  solavancam ao vento, 
Um sabor recôndito destes tempos,
Entre o balançar sobrevivem as cidades, 
Minha ignorância pairou sobre as nuvens postergadas,
Sem lua hoje, sem escadas.                            

Meu amor me chama a cama,
Mas mais me chama entre olhá-la sobre o escuro,
Espero um momento nesta noite fatigada, em que todos deitam, 
E então eu me esperto nulo, tomado de absintos no nada.
                                    
Sem dores, sem horas, sem sono,  sou plaga de observador alheio,
Quem dera não ter casas, doidivanas crias não ser...
Não ter limites entre o ser humano e a espera da alvorada,
Pois que eu não me perca nesses trechos até uma lua nova liberada;
Postergo e digo que até então me faz falta, mesmo travestida de medo.

(Cléber Seagal)