Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

sexta-feira, 27 de março de 2015

O que é uma rosa?



O que é uma rosa de amores murchada,
Que se compadece e desvela desnudada?
O que é uma rosa de vermelho escarlate,
Que mancha esta mão,
Tão acolhida e lhe toma,
E se enobrece por não ter pretendido machucá-la.

Entre as flores talvez a mais magoada,
Que se entristece,
E ainda se ao cair das mãos fenece,
Quando foi-lhes mal dada.

O que é uma rosa,
Se o rubror vivo aos olhares,
Por si só de sangue e amor se envaidece,
Se assim for,
Na constância da vida tão fugida se apercebe de dor.

Calejada, envergonhada de desamor,
no coração de outrem uma vez desaguada.
O que é uma rosa tão finita,
Se colhida ao inverno não podes,
O que da primavera sempre se espera por sortes...

O brilho vivaz que outra não tem,
A beleza eterna que outra não compraz,
No efêmero das eras,
As rosas também são tristezas e espera.

(Cléber Seagal)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Coração Devotado




Da historia que tanto sei, vejo com dolus,
De um amor perene em estado e modus,
Declaração solene, beijo cálido que sentes,
A dama desce feito véu nos braços entes,

A lua vira mel, como o adocicar dos olhares,
Fáceis toques das mãos, descem em rosto ares,
Cheiros de respirar, tanto querem satisfação,
Que como poderia alguém querer e dizer não,

Esses passos que se vão e enfenecem,
Essa espera conta ritmo e decrescem,
Uma balada na noite desguarnecida,
E o frio foste por assim tão desmerecida,

É trágico tanto o que contam destes seres,
Destes santos que se coadunam e credes,
Se amam, se enlaçam tanto como cisne,
Na primeva mudança do solstício livre,

Verão de repente sobreposto de inverno,
As lagrimas corridas muitas de certo,
Separação constante dos acalorados amantes,
Que o destino quis desconstruir desde antes,

Era, pois Isolda amada de Trisão,
Sem culpa tomaram sem querer da poção,
Que o amor fez tudo deles corroborar,
Mas Marcos aguardava a mão o desejar,

Deveria ser a donzela deste para sempre,
Tristão só poderia de aceitar condolente,
Os prantos que o revés triste da historia dá,
Quiçá que eu observo demente esperançoso cá,

Já estavas comprometida Isolda, mesmos sem amar
Moça que merece assim alguém querer tanto cuidar
Ah! herói de amores, o tempo passa, mas como não,
Este sentimento de comiseração persegue Tristão,

Meu amor, amor meu onde foste perdida no tempo,
Que outra Isolda seria amante tão benquista destempo,
-Eu ferido em lança por mortal pontada espero lento,
-Que meu amor venha me encontrar, num ultimo alento,

Não há mais horas certas e de escapada,
Que a linda Isolda chega tarde por estrada,
Quando chegas já o vê desfalecido de certo,
De tristezas o amor dela decai, de perto,

É de amor que soluças os prantos e também,
Morrem abraçados de amor que nunca mais tem,
Coração rompe-se igual faisão na amostra,
Que o tempo trágico dos amantes demonstra.

(Cléber Seagal)