Sabe que as vezes durmo bem, e se durmo fico sem razão, porém as vezes me divirto em sonho, não me escondo no muro, por que em sonho te encontrei. Quando não muito toco-te, e encontrei sem buscar, e de catar a alma como uma questão, estava eu perdido na imensidão, e encontrado no coração destarte. Eu que vivi de entulhos, dia sim, dia não, ser sozinho, e um olhar me encontrou jogado, esmiuçado, na contramão. Nem sempre busquei, nem sempre encontrei afago, quando minha mão também discorria rosto alheio, eu no fim tateava escuro espelho. E a esfinge sentimental do elo era apenas eu, me fantasiado noutros, mas sem ser meu. Por que o peito não conhecia outro zelo, não me via. Deitar pra amanhecer, acordar pra anoitecer... Vivem assim os que buscam consolo, e o que viver...? Quando criança tinha medo, e depois de grande, arremedo minhas ficções, já tarde, espreito uma moça em que o amor sempre alarde, meu colo no seu colo, dorso da paz que faz-me, e só Deus o sabe, quanto de amor quero mais ter. (C.S)
Impressões de um cotidiano triste
Ola!
domingo, 19 de março de 2023
quinta-feira, 26 de maio de 2022
Sob o Signo de Pan
Por que falar tanto da cora da rosa,quando muito se vê exegese do belo,
E dos espinhos aos quais machucam a quem toca, Sempre o extraem por como dores de sobra.
Por que não falo da neblina que espreita todas as incertezas, num branco extingue manchando o brilho do sol,
Achega-se o frio e o tardar tambem nos chega,
ja não é mais dia, pois o entardecer convida a noite,
Sob um signo de esperanças,
Aguarda-se que sempre reembolsa os dias sem obscuros,
Em calorias, sem divã.
Onde haveriam de caber meus tristes soluços que não fingissem os azilos da manhã. (C.S)
quinta-feira, 18 de janeiro de 2018
Barcarola do Esquecimento
sexta-feira, 1 de abril de 2016
A Ribeira e o Mar
A ribeira que sobre o mar desce,
Molhando todas as passagens,
Em fins de termino as margens,
Vai devagarinho e só cresce,
Sem sentir e já sendo todo vasto,
Que beleza se faz como pasto,
Que em verde se desfaz em lago,
Parece invadir-me o que trago,
Toda lembrança já sentida,
De uma alma certa vez ainda,
De dor que foi-se e não mais,
Se compraz; abraço hoje e vais,
A memorar meus esses desejos,
E toda alma de umbrais desterros,
Dos que não sonham nosso mais,
Nem provam tanto amor nos Ais,
Se para tanto, ninguém será,
Meu amor no teu amor e dirá;
Seremos santos a derramar,
Abraços, beijos de imaginar,
Somos todo o tempo de espaço,
Que nem as margens podem conter,
Corredeiras naturais a se manter,
Que para sempre seremos laço,
Os duvidosos serão verbo crasso,
Que de nada poderão fazer lasso,
Porque o mar, Tu estarás lá para ser,
E da ribeira, Eu, crescerei para ti ter.
(Cléber Seagal)
terça-feira, 30 de junho de 2015
Suave é a Noite
Rés do Fim
"Sempre que me deito,
peço noites de sossego imenso.
Sem dores ou horas no meu quadrilátero de aconchego; durmo acordado.
Vejo as horas no caos que lembro,
a ponte entre a porta da mente e o desejo da gente,
eu li todas as nossas derrotas,
um dia que termina e também não chega,
uma sombra sob luz de telha; uma ideia morta.
Quem será a próxima vitima?
De uma ideia qualquer de outrem,
de passos sobre o chão que comem,
cabeça que pesa com as vidas,
cotidiana digressão; minhas indagações sobre o ontem, amanhã, ou de depois, e depois...
No fim, foi. Terminus Est.
O tempo prolongado na angústia ansiosa do momento,
e a ideia como um laço soa morta.
Ah! Esses espaços que assentem as portas..."
(C.S)