Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A Aurora Sob os Pés dos Homens



Dormi e acordei num sonho, algumas ralas vezes me distanciei da realidade. Porque na aurora de minha pessoalidade minha duvida abstrava. De modo que já tirei minhas conclusões sobre as coisas deste mundo.

Uma vez amei o mundo, mas o mundo se abandonou... Todas as perguntas ficaram no cotidiano, e as respostas perdidas na imensidão do tempo... A terra já foi virgem lívida, mas tomaram seus intentos, e a naturalidade do espaço está finita nas agruras de sermos.
 
Vivi parte de minha vida sozinho, doutra parte adivinho o que serei, e mesmo assim estando, sonho um canto de abalo vivo, que tão pouco resta a quem quer tanto sobreviver... 

É necessário fazer-se de louco, despir-se também das futilidades do mundo, pensar absurdos se não ter, quando eu pensei; fui, talvez fazer por merecer, Imaginar-se banhando ao chover... é necessário ser forte para não morrer aos poucos por dentro...

Algo me diz; não tente ser o que não é, embora o mundo lhe abrigue mascaras de modo a esconder suas lagrimas, não se distraia, a rudeza dos homens me é também algumas vezes de valores estranhos e obsoletos. 

Não me sendo difícil chorar, o fiz em silencio, e no meu seio a vista baixou como quem procura o chão, a cabeça ao peso dos problemas, carga pesada e fino dilema, não encontrei apoio. Sozinho e infrutífero medo meu, não me escapa, drena todo o ciclo de quem tenta, difícil ser alguém, difícil ser quem sou. 

Tenho alma triste, e como se bastasse a sorrir em meio aos problemas emulo-me, sou mesmo esse escoar rígido e alheio de mim, mas minha tristeza lembra minha humanidade plena, para lembrar que também há dores, prantos e lembranças... Suas, minhas e de outrem, não se pode imaginar arco-íris, nem fadas e super-homens na maturidade.

Sinto o calor que chega, convindo uma marcha difusa e consonante, apercebo que o calor se retém em mim, mas não domina meu frio mais intimo, olho para as nuvens ralas e o que imaginar de minha procela pessoal, às vezes me provoca toda essa calma.

        No meu quintal há sempre zelo, um canto de preceitos, e a tigela na mesa cabem enxertos de palavras e madrigais, noites perdidas, insones. Não é possível ao peso da porta um engano do peso do pranto. Há duvidas, e meu medo é sombra, e arremeto em horas a custa de perdas, de tempos em tempos, são palavras de pessoas mortas.

         A necessidade de ir-se daqui é iminente, não bastando forçar sentimento, nem razão. Quase uma via sacra que torna-se de pedras e cipoadas, agora também o vinagre posto em vida, é nisso sempre uma tentativa a auto aprovação, trocam-se apenas as armas do algoz; mata-se mais por rejeição do que por qualquer meio violento. 

      Eis que nem sempre a dor é um flagelo infindo, mas certo, posto que a saudade também seja angustia dos que se foram ou virão; perdas e ganhos da alma, os homens são feitos de suas medalhas, triste constatação.

Algumas coisas não bastam na arte de sermos a imagem, buscar nela uma salvação, de viveres seguem-se de espaço, mas o pincel teceu destarte o céu de verão com imensidão azul celeste, abobada de anjos sacros de pinturas de Michelangelo, tocar de Deus.   

Tomam também suas folhagens varias, constante de airado, suas roupagens de florada etéreas a se renovarem a cada estação, pinceis não satisfazem a tinta sem tenazes esboços de seres, nem a terra que colhe vidas já causticadas foge a comparação das margens;

        Dormi e acordei num sonho, assombro de duvidas, crepuscular de mansidão; parece o estender-se ao fim da tarde. Parecem constatar obras de soturna ineptidão, e ao que chegar vespertino, espreita minha compleição, acredito sermos todos nós num arredio da própria alma, da exata não aceitação.
                                                                                                    (Cléber Seagal)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Entre a Cruz e a Espada



O telefone toca, mas não estava ali, sua cabeça passeava longe, seu coração também. Por que se preocupar com o irrelevante a sua felicidade... foi assim, foi o que sentiu. E os olhos tocaram de alarde a vestimenta dependurada.
O quarto arejado desde ontem, desde ante ontem, desde antes... Saltou da cama para enfrentar mais alguns dias, essas lutas que não eram suas, mas muitas em parte das demais, inegável fardo das vias.
Na pressa talvez sua inimiga, mas na introspecção talvez uma saída à única escapação deste asilo de loucos, de mundos, muitas vezes de arroubos despercebidos por dentro dele. Dos pesos que não cabiam as vestimentas inundavam a alma.
Tateou muitas vezes no uniforme verde musgo as siglas, as suas posturas céticas de uma profissão... Verdades verdadeiras... O que era correto? A verdade era uma inconveniência frente a suas mente, um gargalo provador do nada.
E já fechada a casa donde escorriam seus pensamentos, onde olhe confortava acreditar nesta fulgurante amostra de irrealidade sórdida, demente por vezes... muitas vezes provam dispor a ser de sua verdade inventada.
São agora passos pesados, e sozinho sai as cegas, a que se procurar no mundo cada dia que passa constata-se mais ainda não aparentar-se a esta vida; estranho e perdido de si, pois então apercebe-se que não é nada, se não os outros.
Por que chorar? Pelo futuro que queria ele chegar... pelas manhãs todas pouco alforriadas de seus medos, sua capela intima a tentar, à rasgar sua pele, suas meias verdades.
O mundo lá fora lhe esperava, e não, terminantemente não conhecia suas mortes diárias, e mais vidas se formam a agir conforme o fardo dalém do coração. Pestanejava e aguava o rosto como no espirito lavava; O sorriso do tempo da aprovação.

(Cléber Seagal)