Ao céu aberto de pernoite,
Sou tudo de cada,
Enquanto chega-se a noite,
Deita-se o vento,
Entre arvores de nada,
E o meu pensar sustento,
Sobra-se cata-ventos,
Cada qual tempo, certo epiteto,
E encontro me quieto,
Minha alma passeia sobre o rio,
Minhas lembranças fragmentadas,
O desejo nos olhos tão vadio,
E a vida doce às pintadas,
Nas vias há clarões e pejo,
Mas a alma me cai,
São nostalgias do Tejo,
A calmaria traz uma cantiga,
Serena da terra, que se sobressai,
É a noite que me concilia,
No movimento dos astros,
E o dia virá como vem à vigília,
À sacramentar La Vie física,
Circular atemporal de átrios
Dessacralizando a metafisica,
O silencio da mata e a espreita restinga,
Outra vez, meu sentir deitar brisa,
Sem medos que eu deixava anseio,
O natural passeia sobre meu seio,
Como a dor, que já foi dissoluta lisa.
(Cléber Seagal)