Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

domingo, 2 de junho de 2013

Sistemas


Nada somos, mas tudo fomos,
E aquilo que seremos é sonho,
Uma vez por dia lembrar,
Outras vezes imaginar,

Nos desviamos e somos medo,
Cerca-nos o segredo,
E a pedra de nós rarefaz,
Para quem tanto vivemos?
Se não contamos de sermos,
Nossa vida de talvez se desfaz,

Insípido é viver sem efeito,
Mormente que nos separa,
Queixas que nos tem feito,
Daqueles a quem sou vara,

Na lei o que vejo é regresso,
No homem a figura de gesso,
Assim vejo, Ideologias diversas,
Meu desprezo é de obras diversas,

O aspecto da sombra bafeja,
A ordem é mentira numa silhueta,
O prazo diminui os deveres,
O modelo de vida os prazeres,
Sob a maquina a dissipação,
Sob o coração a angustia,
Meu ver não cabe alienação,

Na injustiça uma assimilação,
Nas ideias afora astúcia,
De que o ser humano divisa.

(Cléber Seagal)

Cegueira Diurna


O caminho que estreito minha vida é minha sina,
Onde ando por espinhos e matagais,
A vista escurece aos poucos, e eu não deveria dizer,
Só que eu não sei até onde chego,
Desço ao íngreme mar de fogo que me arrefece,
Já me é tudo uma noite,
No túnel sigo uma luz que se vai longe,
Nunca chego, a imagem se perde e eu me perco,
Desço ainda mais ao ultimo sentido das existências,
Porque meus avós se foram, meus pais o seguem,
Por que eu não não passaria assim como muito,
Já foram uma história mal contada,
Passei a maior parte de minha vida assim;
Esperando algo que finda, para nunca mais ter de esperar,
Fiz um pacto, não com mefistófeles,
Segundo disse um certo alemão,
Mas me vendi ao tocável, nisto fui efêmero,
Se por malicia inútil fujo do que peço,
Não me chores, nem vele por mim um cântaro,
Porque escuto o escuro e vejo o silencio,
No meu amadeirado vejo ironias,
Ser guardado nalgo que já foi vida,
E pelos seres humanos cortados,
No fim, junto comigo ser mais um convalescido,
Aqui não há escolhas,
Oras! não tenho mais direito no meu mal-dizer,
Nisso tive tudo em vida sem pedir,
E no fim recebo como dores aquilo que subtrai;
No mais, meu espectro de vida tem me cobrado.

(Cléber Seagal)