Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

quinta-feira, 31 de julho de 2014

O sujeito negado

Tenho os sonhos do mundo, 
E um desgosto tremendo, 
Mais profundo do inculto, 
Que desfaz meus desejos,

As ideologias me batem a porta, 

Como as faces mortas no cotidiano,
Mas são passagens a lugar nenhum,
Iguais a escrita dum velho Sartre;

Barulho de passos que desacordam
Corroboram duvidas humanas,
Me vejo a insanas horas de demiurgico,
Deus do submundo,
A contar de horas...

Vivo a circundar leituras,
A discursar tessituras táteis,
Entretanto não é o material obra,
Não é o essencial palavras,
Que se Busca levantar totens,

Meu  mundo é metafísico,
A altura do que o humano destoa,
A alma a quem quer parece,
E o mundano in dúbio soa,
Sufocado a absurdo patafísico,

Sem destino unânime cárcere,
É o insistir dos descaminhos,
Homem de centro conjectura,
Humano sem alma de mártir, 
E lograr êxito sem destinos,

Todos temos para si, usura,
Do que lhe é visto alheio,
Há tantos mundos como falsidades,
E aos outros tarefa do meio;
A sujeição é idem as verdades.


(Cléber Seagal)

Belém



Quem consolará Raquel?
Deste gemido choro,
Deste quebramento insano,
Réprobo,

Quem aliviará seu cansaço,
De afago que um infante lhe nutriu,
Não há mais Ramá,
Mas há lágrimas em poço,
Sua voz de mãe se gastará,

Não, não se viu noites de escuro,
Enquanto estrelas explodiam,
E os muros desencantam,
Choram mães em surdo,

Porque há distancias entre Deus,
E os homens que despraticam ao léu,
Inconstâncias para voz que grita no deserto,
E a verdade divina humanizada é rara,
Morte a céu aberto,

Deus não está aqui, nunca esteve,
Nem na lança ou espadão,
Em armas que disparam,
Porque não na mão leve?

A matriarca não entende,
Nem Raquel deveria,
Pior o homem sobre o homem,
Sobrevive e desentende.

(Cléber Seagal)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Construtor desforme

A criança e toda a fragilidade,
A alma e toda subjetividade,
Minhas mão doem na escrita,
Como meu coração,
Levado do chão,

Subelevado meu pensamento,
Austero espaço de barra-vento,
Mas não, de tempos em tempos,
Choro um dizer dos que clamam,

Por assim dizer,
Me mandam, satisfazer,
Reler-me com poucos,
Da mesma forma desforme,
Um coxo relutado de ideias,
Fui-me inerte noutros,

Fazer-me, ser-me,
Todo ilusão,
Tudo leitura de prostração,
Conduzo-me infante, para ser,
Sem saber que construo,
E destruo meu crescer.

(Cléber Seagal)