Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Paciente...

Sento e me ajeito, não terei sossego
Inerte clamor d’álma são abraços findos
São pensares de meu senso advindos
Da maior solicitude, prólogo sôfrego,

Terei dias afinco, e não te vejo
Desespero meu, caio e admito, sou seu
A perambular mundos vivo teu gracejo
Doutros tantos me aprofundo e réu,

A rolar posto em prosa, serei tantos
O mar todo de lagrimas tem-me em prova,
Quanto mais areias assolam-me cova
Provam-me verídicas todos os santos,

São de cor os olhos, e o tom sobre-humano
É casta, és todo sigilo de Medéia
O arrimo que garante o meu sono
Meu abrir de olhos, março de azaléia,

Não há mais primaveras sem ti
Só folhas ao largo a caírem
Claro é meu limbo, o inverno me ri
Tendo-me estado, estão a saírem

Volta logo, tu sabes que és cálida
E outra vez entorna-me, e se embriaga
Quão grandes e demais amores te tenho
Tão logo por ti aqui me abstenho,

Apagaram-me as paginas as escritas
Mas não apagaram todos os sonhos, as preditas
Por que durmo enquanto meu amor chega
E canto enquanto regozijo, só ela me aceita

(Cléber Seagal)



sábado, 11 de junho de 2011

Ontem

Ontem eu fui a noite, o descarrego da penumbra
Todos os sinos que a igreja ostenta,
Retino triste e dolente, o chamado a senda
No esfriar do consolo d’àr, fiz-me chuva

Desdita, falei aos ventos temporais de mim
Que grande emoção morou em fim
Choro no papel; toda ela é rabiscada
Oh medo que me és temporada,

Das sugestivas que me fazem frio
Gélido é meu coração que não te foi feliz
Fundo poço, azar do aprendiz
Faço-me dono desta reima que crio

Solitude, nem isso é verdadeiro
Pesa-me a porta deste réquiem pesadelo
Faz assim, embriaga-me a solidão!
Destes Becos meu caminho é porão,

Isolado fui de tudo que mais anseio
Meu consolo, meu postigo; teu seio
Próprio deu-me todo sentido
Pois à porta da rua passarei, serei presídio

Solilóquio; doido grito e respiro de penar
Quem entra a porta vai à janela para chorar
Retalho do que creio ser do tanto
Meu mundo teu mundo, engano?

Aprontarei esteira, tomarei do sereno
Quem Apiedará de mim primeiro
Imagens tão tuas dolo dano
Sozinho à rua com este madeiro.

(Cléber Seagal)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sempre Noites

Eu compartilharei o céu vindouro destas suplicas
E o medo tomará deveras dormente
Enquanto noites quebrarás ondas lúdicas
Meu ser tão teu, e nunca sereis do cadente,

Olho favo momento único
Cheiro de relva todo perfume
Boca de mel quero teu suco
Amada amante és todo lume,

Das estrelas és vida, és todo leste
Por onde tantos procuraram do coração
Eles se perderam correndo ao agreste
Por fim sobrou-lhes toda a emoção,

Que brilha e entorna serestas modestas
Levanto ao braço e procuro ostentar
Terás nos pirilampos todas as festas
Quem dera ser minha em tudo ao luar,

Negra noturna solidão me sonda
Eu que tanto te peço deste abraço
Tanto mais tenho de rogar em insônia
E vós fizestes-me prender em teus laços,

Amargurado que estou, longe de ti eu pereço
Nem chamas nem calores só frio d’áço
Pobre de mim que aguardo teu regresso
Pobre da noite que me canta teu afago.

(Cléber Seagal)