Sento e me ajeito, não terei sossego
Inerte clamor d’álma são abraços findos
São pensares de meu senso advindos
Da maior solicitude, prólogo sôfrego,
Terei dias afinco, e não te vejo
Desespero meu, caio e admito, sou seu
A perambular mundos vivo teu gracejo
Doutros tantos me aprofundo e réu,
A rolar posto em prosa, serei tantos
O mar todo de lagrimas tem-me em prova,
Quanto mais areias assolam-me cova
Provam-me verídicas todos os santos,
São de cor os olhos, e o tom sobre-humano
É casta, és todo sigilo de Medéia
O arrimo que garante o meu sono
Meu abrir de olhos, março de azaléia,
Não há mais primaveras sem ti
Só folhas ao largo a caírem
Claro é meu limbo, o inverno me ri
Tendo-me estado, estão a saírem
Volta logo, tu sabes que és cálida
E outra vez entorna-me, e se embriaga
Quão grandes e demais amores te tenho
Tão logo por ti aqui me abstenho,
Apagaram-me as paginas as escritas
Mas não apagaram todos os sonhos, as preditas
Por que durmo enquanto meu amor chega
E canto enquanto regozijo, só ela me aceita
(Cléber Seagal)