Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Menina do Abril...

Enquanto ela arruma das flores
Um rouxinol anuncia o anoitecer
Delicada aprecia das cores
Nem parece que conta o envelhecer,

Saia cortada em cetim
Birros grandes de marfim
E na cabeça sonhos tantos
Peito de ar entoa cantos,

Plumas enlevam seus cabelos
Celeste, são doiro os cachos
Sátiro sorriso, lindo de ser
Havidos como de florescer,

Lírica e visível embarga seres
Que de belezas não viram mil
Anima o espaço de saberes
Foi-se inverno de abril,

A terra não é mais só flores
Não mais cores de pintar
Formam todos os amores
Pássaros a encontram no bailar,

O dia passou corrente e relume
 Aposto vê-la discorrer dum canto
Que acompanha a tez de lume
Só pra fugir tão triste pranto.

(Cléber Seagal)

terça-feira, 13 de março de 2012

Taciturno

Olha para a noite,
Olhaste e te viste perdida na nebulosa,
Que acaricia as nuvens e o céu de prosa,
Olha para a noite,
Em senda fumê,
Que tardia para o dia,
Obscura mimosa de o ser,

Assente aos seus e olhe os meus,
Que em voraz sentimento corrompe desejos,
Seria uma deusa nos céus?
Assente aos seus e olhe os meus,
Riso de detalhes,
Formam o crime de não tê-la,
Assente aos seus e olhe os meus,
Que de tanto a procurar-te,
Na imensidão da noite fazem-me todo teu,

Choroso cantam os grilos,
Os pássaros em gemidos de negra vagalidade,
Talhe troça que varia a ineptidão da soturna,
Abre um leque de piedade,
Choroso cantam os grilos,
Em acasalamento colocam a arrepios longínquos,
A castigarem breves soluços furtos,
Transformam minha solidão numa vulgaridade,

Estrelas límpidas cintilam,
Olhai meus ritos,
Inibidos de causa conclamada,
De Parsifal abafada,
Estrelas límpidas cintilam,
Ignoram meu ver,
Antecedem luzes e em cruze montam,
Cozem sonhos até o alvorecer.

 (Cléber Seagal)

sexta-feira, 2 de março de 2012

À Minha Julieta; Versos Intimos


Cocei meus olhos, e na minha quieta manhã inquietei-me, o calor que o sol tomou me fez mais uma vez te imaginar, nessas horas de constante pratica e dedução, não me abstive de te pensar. Já cantei um fado rasgado, e te imaginei, soando a deslizes de: se viverei.

E ainda testando minhas certezas, meus planos, salvo quando te vejo como anjo, são luzes de olhares que se vão, e o tempo não para, para me permitir mais uma noite sã, mais um engano do relógio. Um mimo de quem não pode contar com a eternidade lúdica de um beijo.

Quando como se bastasse o vento, e este inebrio solene que me provoca e mostra onde apenas ele te toca, e desloca deslumbrante cheiros, ainda advém de ti, orgulhosa ventania que o és, desenha as nuvem em cachos plágios de teus cabelos a sorver.

Mundo perigoso este, não nos compreendem as pessoas, escapa-me te buscar nos meus pensamentos e por vezes que estamos distantes, inorgânico é ceder as fotos, tua forma de materializar, e meus gritos assimilam ao choro solicito de meu palpitar.

Nasce gente, cresce o mundo, e meu mundo é único, não preciso de muito; pertenço-te, e nessa alcova fria de vazia com lenços, de desejos e alegoria eu mereço teu seio, teu afago, ínfimo, possessão de notívago assumo-me irado e contigo já penso da solidão do nem sempre.

A miragem descoberta no ser, amar de perto, atento de acertos minha vida contigo atrai, move-me diretamente ao que realmente sou. Descobri não apenas de desejos formam-se alegrias e flores, pois de uma coisa se fazem as princesas: de castelos e sonhos.

(Cléber Seagal)