Olha para a noite,
Olhaste e te viste perdida na nebulosa,
Que acaricia as nuvens e o céu de prosa,
Olha para a noite,
Em senda fumê,
Que tardia para o dia,
Obscura mimosa de o ser,
Assente aos seus e olhe os meus,
Que em voraz sentimento corrompe desejos,
Seria uma deusa nos céus?
Assente aos seus e olhe os meus,
Riso de detalhes,
Formam o crime de não tê-la,
Assente aos seus e olhe os meus,
Que de tanto a procurar-te,
Na imensidão da noite fazem-me todo teu,
Choroso cantam os grilos,
Os pássaros em gemidos de negra vagalidade,
Talhe troça que varia a ineptidão da soturna,
Abre um leque de piedade,
Choroso cantam os grilos,
Em acasalamento colocam a arrepios longínquos,
A castigarem breves soluços furtos,
Transformam minha solidão numa vulgaridade,
Estrelas límpidas cintilam,
Olhai meus ritos,
Inibidos de causa conclamada,
De Parsifal abafada,
Estrelas límpidas cintilam,
Ignoram meu ver,
Antecedem luzes e em cruze montam,
Cozem sonhos até o alvorecer.
(Cléber Seagal)
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