Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Foste Suave Agreste



Verdugo descampado, já foste rima,
E agora some-se na vastidão do seco que sublima
Parecendo afastar os senhores das enxadas,
 Aparecem eles em magotes, marejadas,

Provido chão benza a Deus o pão,
Condizente os senhores mais capinam no nada,
Ágil o instrumento acompanha,
A roçadeira campa dobrando a terra,
Uma restinga breve ao seco cerra,

Dos ais se foram às lembranças,
Dos estrados rachados nos dias,
Sol a pique a mostrados ditas,
Tomam-lhes estiagem tantas,
Bravia memoria, adeus suave agreste,

E a porteira preguiçosa, só marasmos...
Ouço a recordação da voz na vazante que desce;
O gado se faz das restingas, não lhe faltando pastos,
Cobre o ensejo, minhas vidas,
O sonho do sertanejo ilusionado?

(Cléber Seagal)

Entrementes




Não falo mais de flores,
Porque apenas falo minhas angústias,
Para tentar restabelecer-me das dores, 
Te  proponho ares diferentes de minucias,

Olhe-me, não como antes, mas procure,
Eu às vezes me perco no seu divã,
Me sufoca este amor de cortesã,
Não sei se é forçar que me moldure,

Este pestanejar é minuto que se foi feito,
Semente que deveria ser sendo,
E aos anos corroborou um desfeito,
Diacrônico isto, eu a te dizer comendo,
As linhas todas em paginas enfartáveis,

Saberei pô-las à delicadeza tenaz,
Se não sentida, seja lida em intragáveis
Despojos de quem se desfaz,
Não por mim, mas pelos outros,
Para que não digas que fui apenas intento,

Se ainda eu não souber por à risca,
Todos os sonetos em sentimentos,
Esqueça os ciúmes nas cartas que invento,
Das histórias que me fiz tanto a isca,
Pra ti, que tu me inventes diferente,

Não no por do sol dos românticos,
Não nas alianças em ouro estridente,
Definitivamente na minha vista não me cabem,
Visualizar para mim são contos,
Naquilo que almejo, vejo paragem,

Além do que toco, quero mesmo te ler,
Sem as extensas figuras do obvio,
quero o que está nas entre linhas do ócio,
Metáfora dita serás então o que se sente,
entrementes, não fale, me dê de viver.

(Cléber Seagal)