Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

domingo, 31 de março de 2013

A Alma no Espaço da Escrita




Alma convalescida, uma, duas horas, nada mais,
Na escrivaninha um tinteiro seco, 
Subjaz a palavra transcrita mormente,
E de cansaço as mãos caem tecidas de anos,
Agora de feridas meu pensar cai à lágrima,

Batem a porta, não me importa se lá fora o tempo muda,
E as escritas sempre em vais e vens intrépidos,
As pessoas não mudam apenas as palavras se mudam,

É, o meu medo viveu sob penas de angústias;
Coração mal-amado, o dos seres que vivem as aspas,
A meu ver um pingo d’água na torneira, paciência d’alma
De quem durante a noite as deixou molhadas na olhada,

Cálida, a chuva chegou nesta madrugada,
Olho meus sopros de inquieto, a vida segue um rio,
Que desço e apercebo onde estou?
Escuro está o céu, sobe-me ao arrepio, por que da dor?
Se dos fatos o destino nos desdobrou,

Agenda no tinteiro discorreu anseios,
Sonhei sobre horas, palavreei entre madrugadas,
Minha escrita morta, sob minha mente acordada,
Achei meu devaneio próprio, na mudança do tempo,

Tudo é sempre o mesmo; à noite, a agenda, o relógio,
As escritas é que diferem o sujeito, sempre de punhais a apontadas,
Na sorte penso muito, vejo todo o nada,
Passo entrevendo as cortinas nesses acertos,
No mundo a quem se atreve tem uma vida subjugada do alheio.

(Cléber Seagal)