Eu no meu canto suspiro o que se foi,
Às vezes me falta um ar, parece pesar Este sentimento,
Uma clausura é o horizonte visto daqui de dentro,
Sempre me aperceber de ser o outro, o mesmo.
Agora o astro luminoso se foi, e no campo vivem as
lendas,
Ouço bem as lamurias da noite, e os cegos preceitos do
obscurecimento...
A noite não me conhece, apenas acompanha minhas cogitações,
Ate que perceba na frigidez dos seus ares o nada profundo
das maquinações...
Trazendo medo aqui, a noite não tem ninguém,
Arquétipos humanos no meu réquiem,
Há um lastro de decadência, sob a sobra dúbia deste
frio,
Me sinto numa presumível inocência de Abril,
Os outeiros solavancam
ao vento,
Um sabor recôndito destes tempos,
Entre o balançar sobrevivem as cidades,
Minha ignorância pairou sobre as nuvens postergadas,
Sem lua hoje, sem escadas.
Meu amor me chama a cama,
Mas mais me chama entre olhá-la sobre o escuro,
Espero um momento nesta noite fatigada, em que todos
deitam,
E então eu me esperto nulo, tomado de absintos no nada.
Sem dores, sem horas, sem sono, sou plaga de observador alheio,
Quem dera não ter casas, doidivanas crias não ser...
Não ter limites entre o ser humano e a espera da
alvorada,
Pois que eu não me perca nesses trechos até uma lua nova
liberada;
Postergo e digo que até então me faz falta, mesmo travestida
de medo.
(Cléber Seagal)
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