Acordo tendo em vista um sonhar, mais longe, um desejar como
eu te veria...
Se a caneta toca fácil o papel, como meus olhos lhe
tocam, somos um amanhecer,
O dia transcorrido lúcido parece agir sem a gente, mais
por teimosia, do que ser,
De contar corroboro desespero, de pintar pensamentos em
elo, que se arde,
Como uma fornalha sempre acesa, o sentimento é luz que
não cessa,
Eu lastimo, se lhe olho muito um portrait tão santo, mas
também tocar não posso,
Sua presença na minha, tão reciproca ideia, uma
sentimentalismo tão nosso,
Será que eu deveria querer mais do que tanto, o cabe mais
além das horas no dia?
É, portanto na noite que não se cabem essas horas, pois
falta tenho em desespero,
Um arremeto de quem sente o frio por demais sobrar; tão
seu este meu zelo,
Se de tempos em tempos espero, como casulo, uma primavera
sua a me libertar,
A ver espreitar sobre a janela, o nascer do dia, como
nasce esta palpitação em alento,
Desassossego me fala e interrogas; por onde andarás a
quem sentes, por onde tu pensarás?
Entre dormir e acordar meu alimento; é mesmo a espreita
de querer-te amar.
(Cléber Seagal)
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