Quem levou teu coração,
Doce criança?
Sem mais lhe poupou infância,
E arrimou-te em fardos imensos,
Me desanimou,
Te pertencerá o futuro de Ninfa,
Ou ainda de Narciso,
Indumentária do perplexo,
Sem voz o cantor calou,
Sem os pés, as pernas descansaram,
E o peito sem sentimento para ser lido,
Desencantou,
Doce pensar a se pintar n’aura de anjos,
Meu despertar é lhe antever,
Sem lágrimas, sem lastimas,
Minhas mãos a te socorrer,
Minhas orações cautelosas,
Lembrarão que te lembro,
Mas o tempo a ti constatou,
Que o homem às vezes ora,
Às vezes ora sem sentimento;
Abraça sem amor,
Pensa sem racionalizar,
E pede sem precisar,
Não, meu bem, se assim te digo,
Não és homem quem não vê,
Como assim te vejo,
Sozinha, sem amparo,
A ver a vida como um gargalo,
A se comprometer,
Tristeza dos anjos daqui,
Não te conhecer,
Parecem incautos,
Feitos de barro a se refazer.
(Cléber Seagal)
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