Uma voz soa rareando,
No deserto sem fronteira,
Falta o canto, esperando,
Das vidas minhas; trincheira,
A sua voz escuto longe,
Insípido que sou de um monge,
Quase nunca fui assim,
Eu, sempre mudo de sim,
Conduzo-me dalém de si,
Ah isolamento, este me ri,
Neste areal, todos os pensamentos,
Sentado na areia, já ausculto,
Todas as crenças em sentimentos,
Reproduzindo ainda culto,
De que semeio no vento,
Do que nunca fui, nem vivi,
Um pleno tempo de isolamento,
Perdi-me nos outros, aos poucos,
Sem materializar livre gozo,
Minha voz de atributo de roucos,
No silencio a se suplantar em insosso,
Ás vezes uma voz de dama,
Senta ao ouvido e me chama,
Uma reprimenda sela o choro,
De um amor, quem sabe improbo,
Uma figura criada dela,
Uma ideia formada nela,
E a alma não se abstém,
Chora fácil o que não convém.
(Cléber Seagal)
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