Meu coração é uma barca
Do mar da solidão
De um lado o silencio farta
Do outro desilusão,
No balanço do navio serão
Destas desventuras crime
Que das tempestades oprime
O naufragar de todo o perdão,
Onde porto seguro não há
Onde aguas presenciam o distante
Minha respiração ofegante
Premuniria os males de cá,
Doravante angustias a mil
Falta por aqui ar, o tátil
E nem a possuir posso, e de certo
Vara-me também a noite de aperto,
As inconstâncias principiam
O alarido de choro que fiam
Mais uma historia de dissabor
É rangir de dentes, queda e dor,
E esta caneta pesa em mãos
Como pesa meu coração
Ao vê-la longe partir
E meu pensamento remir,
Às vezes pedi migalhas e favor
Por vezes relutei-me do amor
Esse sentimento já foi o meu cais
Ah! Escombros do nunca mais,
Doses profundas de abalos
Gritos audíveis, sobressaltos
Um dia navegar nela me foi preciso
E hoje já não sei mais se existo,
Ah infelicidade! Mundo cão
Este meu viver de senão
Este meu bolor intransigente
Agora penso que o destino nos mente.
(Cléber Seagal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário