Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Entre tu e o mundo


Todo dia é sempre de horas,
Mas não para mim.
É onde aqui, a angustia mora,
Não sei se é por si,
Ou por via cautelosa que persisto,

E há horas que não sou sim,
Nem não,
Nem alegrias,
Porque insisto em cultivar o amor que desbota,
E fora de mim não é mais que custódia sem afins.

Tento para suplantar vidas sem discórdias,
Entre tanto, me demora viver sem ser,
É momento das coisas sub-construir,
Minhas memórias;
Minha vista pára nos confins...

Os extremos que me sonegam,
Horas...
Eu vejo a mesa de escrita tão plena,
Sem enfeites,
Sem belezas,
Me chora deleites,
E teu corpo nu feito toalha,

Minha cama visionaria,
Condescendente de amores vãos,
Troco olhares sobre o chão,
E vago, não sei só conceder,
Se este quarto que me vive,
É em vida, meu próprio vão,

Sobreviver ainda me agride,
Mais pelo constar,
Do que mesmo imagino,
Sobrelevar amores, são carências,
Que me afogam neste dia de chuva,

Sem lumes,
Minhas luzes artificializam minha fuga,
Meu desdém, em três velas postas aqui;
Na mesa,
E criado mudo,
Na cabeça sem horizonte,
Sujo minha opinião,

Idéia emprestada de enganos,
Sem que eu artificialize tudo,
Saída dos dias,
Luz que não se apaga,
Escapação quase rara,
De chamariz de máquina,

Todo dia é sempre de horas,
Mas não para mim,
Sobretudo no que desnudo,
A humanidade me jaz estancada,
Em tecido cru,
Descrevo uma,
Dito duas horas caladas,
Entre tu e o mundo,
Como a palavra borrada.

(Cléber Seagal)





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