Todo dia é sempre de horas,
Mas não para mim.
É onde aqui, a angustia
mora,
Não sei se é por si,
Ou por via cautelosa que
persisto,
E há horas que não sou sim,
Nem não,
Nem alegrias,
Porque insisto em cultivar o
amor que desbota,
E fora de mim não é mais que
custódia sem afins.
Tento para suplantar vidas
sem discórdias,
Entre tanto, me demora viver
sem ser,
É momento das coisas
sub-construir,
Minhas memórias;
Minha vista pára nos
confins...
Os extremos que me sonegam,
Horas...
Eu vejo a mesa de escrita
tão plena,
Sem enfeites,
Sem belezas,
Me chora deleites,
E teu corpo nu feito toalha,
Minha cama visionaria,
Condescendente de amores
vãos,
Troco olhares sobre o chão,
E vago, não sei só conceder,
Se este quarto que me vive,
É em vida, meu próprio vão,
Sobreviver ainda me agride,
Mais pelo constar,
Do que mesmo imagino,
Sobrelevar amores, são
carências,
Que me afogam neste dia de
chuva,
Sem lumes,
Minhas luzes artificializam
minha fuga,
Meu desdém, em três velas
postas aqui;
Na mesa,
E criado mudo,
Na cabeça sem horizonte,
Sujo minha opinião,
Idéia emprestada de enganos,
Sem que eu artificialize
tudo,
Saída dos dias,
Luz que não se apaga,
Escapação quase rara,
De chamariz de máquina,
Todo dia é sempre de horas,
Mas não para mim,
Sobretudo no que desnudo,
A humanidade me jaz
estancada,
Em tecido cru,
Descrevo uma,
Dito duas horas caladas,
Entre tu e o mundo,
Como a palavra borrada.
(Cléber Seagal)
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