Ola!

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."(Schopenhauer)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Ditirambo de um saltimbanco



As cores; estão todas elas manchadas,
De escorrer, derrubadas de previsão,
Pinto; chamusco a cara toda em improviso,
Como na vida faço palco em vão,
Ausculto quase demiurgico de charadas,

Choramingando verso e prosa,
Troça fazem-me, mas fale-me se não,
Eu me perco nesse picadeiro,
De areia, sangue suor e senão
Onde uma palhaçada vale rosa,
E o que me sufoca não vale dinheiro,

Das tristezas de um Orfeu maculado,
E cornetas na arena simulam madrigal,
Ao som que de um sátiro toco calado,
Que a plateia julgue meu parsifal,
Falso, eis me por dentro um corte,
Selo minha vida já selada pela morte,

Eu, oras, novamente esta persona,
Em trapos coloridos que se desfazem,
Na minha querência trapalhona,
Sem, no entanto admitir sapiências,
Que se fale do que perfazem,
Apresento-me sem embargo,
Descarado, perfilado de inocências,
Pois que me soa falsete o amargo,

Sem protelar, sem meio tom,
Uma interpretação borrada,
Que ao palhaço parece som,
Sui generis de ator desmascara,
Que a palavra e o trejeito fez,
Uma dose de súmula pintada,
Num artista hoje placidez,
Marca de espólio, de toda cara.

(Cléber Seagal)







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