Estou buscando um cismado,
Que não tenho por completo,
Na caneta, a luz em trevas,
Uma régua cintilante de pasmado,
De escrita timbrada em relvas,
Percorro em busca de uma ilha,
Num nevoeiro súbito bate a quilha,
Todos os dias da vida me transcrevo,
Escrevo em reticências,
Mas é uma pena impor espaços,
Minhas leituras já o têm tanto,
Um grau de ideia nos traços,
Escrevo e não sei ser paciências,
Nesta linda manhã, fui um livro aberto,
Toda a sorte de coisas de meio fim,
Vejo as notas, que surgem em mim,
Admito extravagâncias de leitos
Minto neste infecundo de asas,
É um luto, impor-se de receios,
Meu consciente fere-se em brasas,
O ser humano, costa de destrezas,
A alma, uma tocata de estreito absurdo,
Arquipélago em rastro de reminiscência,
Vista de condor, força de correntezas,
Sinto-me assim um pescador,
Que da dor engendra guerra,
N'água jogam-se redes a peia,
Maré baixa chega-se a areia,
Retruco de olhar por terra,
Quão finalmente aporto:
Ouço sinos de igreja,
Uma fabrica responde em apitos,
Uma multidão que rasteja
Sob ruas que se satisfazem de gritos,
E já não penso...
O mundo faz-me refutar ideias,
Subscrevo minhas maneiras,
Minha alma repousa num oceano;
Reflexo do si perdido no ano,
O mar, a jangada, e o remo...
(Cléber Seagal)
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