Ele sobe o morro altaneiro
Despojado é seu costume
Toda a rua é seu travesseiro
O ar consigo quase assume
Esta tristeza que ninguém conhece
Os amores de outrora o esvai
Sua vida aos poucos envelhece
Mal olham nem lhes atrai
As mulheres não o rogam coisa alguma
A paz que sobejem qualquer desejo
Não há quem lhe queira suma
A riqueza já foi este brejo
Todo o norte de magoas castigadas
Vociferando tomando-lhe da vida
É soberba do infeliz praguejadas
Mácula ardente e diuturna ferida
De andar sempre pelo amanhã
Não há retribuição na vivencia
Que pena faz não ter afã
Onde foi toda a sapiência?
Pés na calçada de alvenaria
A fome bate a porta de ensejo
Dos homens que acreditam da carestia
Rezo que serás livre de lampejo
É lagrima constante; é caída
Vi-o outros dias dum agosto
O que serás feito; onde há saída?
Tomara ter em si um gosto
Desses que se arruma a sobreviver
Por necessidade enfrenta tudo
Daí sim o que quiser merecer
Não se liga tanto ao mal, faz-se de mudo
No passado pensa-se futuros
Levanta tua cabeça e almeja o sol
Tua vida não é de muros
Faz do teu caminhar este farol.
Uma aurora de coisas pra se bem dizer.
De pedinte a ermitão
O velho enfrenta o viver
Por qualquer que seja o tostão
E só há uma festa na pobreza da riqueza
E meu amigo andarilho reparou bem
Pobres de espírito e sem esperteza
Quem dera o homem viver sem.
(Cléber Seagal)
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